Por Roberta Soares
Leis não faltam ao Brasil. O problema é fazê-las serem cumpridas. Mais um exemplo dessa discrepância está acontecendo em Pernambuco. O curso de motofretista (ou motoboys, como também são conhecidos), obrigatório desde junho de 2010 e destinado a profissionais que trabalham com a entrega de mercadorias, exercendo atividades remuneradas na condução de motocicletas e motonetas, corre sérios riscos de não acontecer por não ter alunos interessados em participar. O curso está sendo oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) desde o início do ano e já teve o início das aulas adiado por falta de inscritos. Seria realizado em fevereiro, depois começaria no dia 19 e, agora, tem data marcada para o dia 30. Mesmo assim, ainda não tem inscritos.
A ausência de candidatos é preocupante e mostra que o interesse não existe porque o cumprimento da Resolução 350 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) - a mesma que instituiu o curso para mototaxista - não está sendo fiscalizado. Ou seja, os motoboys continuam trabalhando sem qualquer tipo de segurança ou treinamento adequado de direção segura. “Para nós é frustrante porque sabemos que eles estão nas ruas e os patrões não estão nem um pouco preocupados em prepará-los para garantir a segurança. Essa preocupação só surgirá quando a fiscalização acontecer. Embora esses trabalhadores não tenham vínculo legal, as empresas que trabalham com eles podem ser multadas se o profissional for pego numa fiscalização e não tiver o registro do curso na CNH”, argumenta Nadja Barros, técnica de desenvolvimento profissional e uma das coordenadoras pedagógicas dos cursos do Sest/Senat.
O curso é rápido, simples e relativamente barato: 30 horas/aula por R$ 160. Na parte teórica, os profissionais aprendem sobre ética e cidadania, recebem noções básicas de legislação, segurança, saúde e gestão do risco sobre duas rodas, além de procedimentos para o transporte de cargas e logística. Na parte prática, aprendem pilotagem profissional.
O interesse não existe porque o cumprimento
da lei não está sendo fiscalizado
TRANSPORTE DE CURITIBA SEM APROVAÇÃO POPULAR
Vejam como são as coisas. Pesquisa realizada por estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) constatou que o transporte coletivo de Curitiba não está agradando à população. Formandos do curso de Engenharia Civil entrevistaram 2.036 usuários de ônibus das linhas de biarticulados e 75% responderam que o serviço é insatisfatório, com classificações que vão do regular ao péssimo. Somente 23% disseram que o serviço é bom. A informação foi divulgada no site “bemparaná”.
A pesquisa analisou itens como acessibilidade, frequência, confiabilidade (se os ônibus cumprem os horários), conforto, tempo de espera, tempo no interior do veículo, baldeação, tempo total da viagem, amenidade dos pontos de parada, fluidez e segurança. A orientadora da pesquisa, Márcia de Andrade Pereira, que é do Departamento de Transportes do Curso de Engenharia Civil da UFPR, disse que ficou surpresa com os dados apresentados. “Eu imaginava que o resultado seria ruim, mas não pensava que estaria nestas condições. Cada linha tem seu diferencial, umas são melhores em alguns quesitos e outras piores, mas no geral, a média dos ônibus expressos de Curitiba, onde A é ótimo e F é impraticável, ficou com classificação D, que é considerado ruim”, comentou. E olha que eles são referência no setor tanto no Brasil como no mundo.
O POVO AINDA DEFENDE A ABERTURA DE RUAS, EQUIVOCADAMENTE
A maioria das pessoas que votou na melhor solução para a mobilidade urbana no Grande Recife, participando de enquete criada no especial multimídia A Minha Mobilidade, publicado no NE10 (antigo JCOnline) há quase um mês, insistiu em escolher a construção de viadutos e novas ruas como a melhor atitude a ser adotada pelo poder público. A prioridade ao transporte público foi lembrada e recebeu expressiva votação, mas ainda perdeu para a abertura de novas vias. O que na visão de técnicos em transporte e trânsito é um equívoco. Eles defendem que carros são como água: quanto mais você abrir, mais ela entra e se espalha.
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